ABRAÃO

Descendente de Sem, filho mais velho de Noé, o patriarca hebreu nascido em Ur, na Caldéia (antiga região às margens do rio Eufrates e golfo Pérsico), é o ponto de partida da história do povo de Israel.

Seguindo as ordens de Deus ele se estabeleceu primeiramente na Mesopotâmia (região situada entre os rios Tigre e Eufrates, hoje pertencente ao Iraque), fixando-se depois no país de Canaã (antiga região da Palestina, entre o rio Jordão e o Mediterrâneo, e que hoje compõe o território de Israel), que lhe havia sido prometido, e onde o Criador lhe anunciou que seria pai de um grande povo. A fome o obrigou, porém, a transferir-se primeiramente para o Egito, em seguida para Betel, ao norte de Jerusalém, e depois para o vale do Manre, enquanto Lott, seu sobrinho, preferiu ficar em Sodoma, cidade destruída posteriormente em virtude de sua devassidão..

Os livros sagrados revelam que Deus apareceu a Abraão quando este já beirava os noventa anos de idade, prometendo-lhe que sua mulher Sara teria um filho, e ordenando-lhe também que se circuncidasse, bem como toda a sua posteridade, em sinal da aliança que estava sendo feita naquele momento. O tempo passou, e mais tarde, quando Isaac, o filho de Abraão, completou 25 anos de idade, Deus ordenou que o rapaz lhe fosse oferecido em sacrifício como demonstração e prova de fé por parte do patriarca. Este não hesitou, e quando estava a ponto de realizar a vontade do Senhor, um anjo segurou o seu braço e impediu que desse o golpe fatal (ilustração)

Sobre esta passagem, está escrito em Gênesis, 22 -1/19, que Deus chamou Abraão e este respondeu: “Eis-me aqui!”.  Prosseguindo, relata a Bíblia:

Deus então disse: “Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac, e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar”. No dia seguinte, pela manha, Abraão selou o seu jumento. Tomou consigo dois servos e Isaac, seu filho, e tendo cortado a lenha para o holocausto partiu para o lugar que Deus lhe tinha indicado. Ao terceiro dia, levantando os olhos, viu o lugar de longe. “Ficai aqui com os jumentos – disse ele a seus servos – eu e o menino vamos até lá mais adiante para adorar e depois voltaremos a vós”.

E Abraão tomou a lenha para o holocausto e pô-la aos ombros do seu filho Isaac, levando ele mesmo nas mãos o fogo e a faca. E enquanto os dois caminhavam juntos, Isaac disse ao seu pai: “Meu pai!”.  “Que há, meu filho?”. Isaac continuou: “Temos aqui o fogo e a lenha; mas onde está a vítima para o holocausto?”. “Deus – respondeu-lhe Abraão – providenciará ele mesmo uma vítima para o holocausto, meu filho”. E ambos, juntos, continuaram o seu caminho.

Quando chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar, colocou nele a lenha, ligou Isaac, seu filho, e pô-lo sobre o altar, em cima da lenha. Depois, estendendo a mão, tomou a faca para imolar o seu filho. O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do céu: “Abraão! Abraão!”. “Eis-me aqui!”. “Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único”. Abrão, levantando os olhos, viu atrás dele um cordeiro preso pelos chifres entre os espinhos; e tomando-o, ofereceu-o em holocausto em lugar de seu filho. Abraão chamou a este lugar Javé-Yiré, donde se diz até o dia de hoje: sobre o monte de Javé-Yiré.

Pela segunda vez chamou o anjo do Senhor a Abraão, do céu, e disse-lhe: “Juro por mim mesmo, diz o Senhor; pois que fizeste isto, e porque não me recusaste teu filho, teu filho único, eu te abençoarei. Multiplicarei a tua posteridade como as estrelas do céu, e como a areia na praia do mar. Ela possuirá as portas dos teus inimigos, e todas as nações da terra desejarão ser benditas como ela, porque obedeceste à minha voz”. Abraão voltou então para os seus servos, e foram juntos para Bersabéia, onde fixou a sua residência.

Abraão também teve um filho com sua escrava Agar, que recebeu o nome de Ismael, pai dos ismaelitas, morto aos 137 anos de idade, e do qual os árabes se consideram descendentes. Posteriormente, após a morte de Sara, casou-se com Cetura, de quem teve seis filhos.

Tendo falecido aos 175 anos de idade, seu corpo foi enterrado em Hebron, na Jordânia. Venerado por cristãos, judeus e árabes (que mantém uma mesquita onde supõem estejam guardados os restos do patriarca), Abraão tem a passagem do quase sacrifício de seu filho lembrada em diversas obras de arte, como as telas de Rembrandt (em Leningrado) e André del Sarto (em Dresden, Alemanha), e o baixo-relevo de João Goujon, em Chantilly, França.

A morte de Abraão é comentada no capítulo 25 de Gênesis (7-11): Eis a duração da vida de Abraão: ele viveu cento e setenta e cinco anos, e entregou sua alma, morrendo numa ditosa velhice, em idade avança e cheio de dias, e foi unir-se aos seus. Isaac e Ismael, seus filhos, enterraram-no na caverna de Macpela, situada na terra de Efrom, filho de Seor, o hiteu, defronte de Mambré, a terra que Abraão tinha comprado aos filhos de Het. É lá que ele foi enterrado, com Sara, sua mulher. Depois de sua morte, Deus abençoou seu filho Isaac, que habitava perto do poço de Laçai-Roi”.

Tudo o que tinha Abraão deixou de herança para Isaac, guardando apenas presentes para os filhos de Agar e de Cetura. Os registros referem que todas as suas propriedades foram para o filho de Sara, que tinha o status de esposa. Agar não foi esposa, mas sim concubina, e Cetura foi sua esposa após a morte de Sara. Considerando que Isaac tornou-se o pai de Jacó e de Esaú aos sessenta anos, Abraão deve ter convivido com os netos durante quinze anos, muito embora o livro de Gênesis não mencione sobre esses contatos.

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