Lobisomem

O lobisomem é uma figura mitológica presente em várias culturas. Trata-se de um humano, em geral homem, que se transforma em lobo ou em uma criatura meio homem, meio lobo. A transformação pode ser espontânea ou provocada pela mordida de outro lobisomem, ou ainda, devido a uma maldição. A transformação mais comum geralmente ocorre em noites de lua cheia, mas há histórias de lobisomens que se transformam apenas nas luas cheias do outono, ou vestindo uma pele de lobo, ou ainda colocando um cinto feito de pele de lobo. Os lobisomens, tanto em sua forma humana quanto em sua forma transfigurada, têm força sobre-humana e sentidos aguçados. São capazes de sentir cheiros a quilômetros de distância, e sabem diferenciar o caráter de uma pessoa pelo odor que elas emitem. Os lobisomens só são vulneráveis a objetos de prata, que podem matá-los se atingirem seu coração.
A primeira história de lobisomem de que se tem notícia vem da mitologia grega. Em "As Metamorfoses", Ovídio relata que o rei da Arcádia, Licaão, serviu a carne do próprio filho, Árcade, a Zeus, na tentativa de provar que a divindade de Zeus era falsa. Enfurecido, Zeus decidiu castigá-lo transformando-o em lobo. Em "A Epopéia de Gilgamesh", a deusa Ishtar - recusada como amante - transforma o pastor de ovelhas Gilgamesh em lobo, fazendo-o inimigo de seus amigos, de suas ovelhas e até mesmo de seus próprios cães. A ideia dos lobisomens como homens castigados também faz parte de inúmeros contos folclóricos, mas algumas vezes, alguém simplesmente se torna um lobisomem como resultado de um mau comportamento - ou alguém que não tem um bom comportamento, acaba por revelar-se um lobisomem.
Tornar-se um lobisomem pode ser uma dádiva, uma fonte de poder - nem sempre castigo. E pode ser voluntária. Em alguns contos folclóricos, a pessoa se transforma em lobisomem quando veste uma determinada roupa ou cinto. Para os alemães, o cinto é feito de pele de lobo. O homem pode mudar de humano a lobo e vice-versa quando quiser, contanto que ele tenha a vestimenta certa. Quando o cinto é destruído, a pessoa deixa de se transformar. Em outros contos, a pessoa só se transforma em lobo se tirar as vestes, voltando à forma humana quando veste a roupa novamente.
O lobisomem também está presente no folclore brasileiro. A transformação em lobo é uma maldição que atinge sempre a sétima criança de uma sequência de filhos do mesmo sexo. Condenada, a criança se transformará em lobisomem à meia-noite das sextas-feiras de lua cheia, voltando à forma humana ao amanhecer. O lobisomem moderno, eternizado no filme "Homem-Lobo" (Wolfman, 1941), se transforma em lobo nas noites de lua cheia, depois de ser mordido por outro lobisomem. É a criatura que conhecemos. Inteligentíssima em sua forma humana e totalmente irracional em sua forma lobo - tanto que ele espalha medo e terror por onde passa. A criatura é bem diferente dos lobisomens da saga "Crepúsculo", de Stephanie Meyer. Na saga, a transformação de homem em lobo é hereditária e depende da presença/existência de vampiros em determinadas regiões. Na forma lobo, o lobisomem não ataca humanos, continua um ser racional e é capaz de comunicar-se por telepatia com outros membros da alcateia. Quando exterminam todos os vampiros, deixam de transformar-se em lobos.

Comentários

  1. Oh mano, essa parte aí que fala que o pastor de ovelhas Gilgamesh foi transformado em lobo está errado.

    O que está neste trecho da Epopéia de Gilgamesh é o seguinte:

    1-A Ishtar se declara pro Gilgamesh.
    2-Gilgamesh a rejeita.
    3-Gilgamesh explica o motivo da rejeição: ele diz que os ex-amantes da Ishtar geralmente morrem. Ele cita alguns, dentre eles é citado o pastor que foi transformado em lobo.

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